O esporte e a odontologia
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Grande parte da população brasileira não leva a sério os cuidados com os dentes. Acreditam que aquela dorzinha de dente que tanto os atrapalha no dia a dia não seja grave ou mesmo que aquele dente que quebra um pouco mais, a cada dia, PODE ESPERAR...
O que muitas pessoas não sabem é que uma infecção de foco dentário como uma lesão de cárie esquecida ou uma gengiva sangrando constantemente podem causar problemas crônicos no coração, estômago, rins, intestino e articulações. Lembrando ainda que a perda de um elemento dentário acarreta no desequilíbrio da mastigação , ou seja, dificuldade para ingerir alguns alimentos, e com o tempo este desequilíbrio pode gerar problemas na Articulação Temporomandibular (ATM), causando dificuldades de visão, dores de cabeça , na coluna cervical e dificuldade de abertura da boca.
Quando estamos fazendo, nossos exercícios físicos diários: academia, corrida, ou mesmo a turma do jogo de futebol toda quinta à noite, necessitamos mais dos nossos corpinhos. Mas fica impossível se houver algum problema, não é? Para o atleta que necessita melhorar constantemente seu desempenho, principalmente o de alto impacto e o olímpico, a exigência da resposta do seu organismo é muito maior, na verdade, uma falha pode ser a perda do trabalho de uma vida toda.
Buscamos hoje uma nova realidade que pode ajudar muito nossos atletas amadores e profissionais: a ODONTOLOGIA DESPORTIVA.
A importância da Odontologia Desportiva
A história da Odontologia Desportiva, no Brasil, começou há pouco mais de seis anos de uma forma mais profissional. É necessária a avaliação de um cirurgião dentista com visão esportiva para o melhor rendimento do atleta. 99,9% das academias brasileiras cometem um erro gravíssimo, não solicitando avaliação odontológica dos seus alunos, ficando estes atletas com possível perda de rendimento físico. Na vida agitada que levamos, não damos a atenção devida para uma boa escovação, muitas vezes machucamos nossa gengiva, o fio dental fica para amanhã (que muitas vezes nunca chega) o que leva a problemas que pode nos fazer perder 10% do condicionamento físico. Muitas vezes a má formação da arcada dentária pode levar a uma respiração bucal, deglutição atípica (para engolir o alimento projetamos a língua para fora) o que nos faz perder 21% de rendimento. Estes e muitos outros problemas podem estar presentes na boca de muitos atletas amadores e eles simplesmente não sabem. E de nada adianta termos um corpo bonito e “sarado” se não pudermos demonstrar nossa felicidade num simples e belo sorriso.
A Odontologia Desportiva é uma área de atuação da odontologia. Ela visa oferecer cirurgiões-dentistas com visão esportiva, a fim de melhorar o rendimento dos atletas, promovendo a saúde bucal e prevenindo possíveis lesões decorrentes de atividades esportivas. Ela reúne uma equipe de profissionais das mais diversas especialidades odontológicas, além de outros profissionais como: fisioterapeutas, fisiatras, psicólogos, fonoaudiólogos e o médico desportivo.
É cobrado ao atleta de hoje um rendimento físico cada vez maior, na busca por quebra de recordes, superações... Sendo assim necessita estar sempre atento à sua saúde e, a saúde bucal não pode ficar esquecida. Como já citamos acima temos observado cientificamente que o rendimento de um atleta pode ser reduzido se ele tiver algum distúrbio na sua saúde bucal.
Exames minuciosos e planejamento direcionado ao atleta são as propostas desse novo setor da odontologia que vai desde a indicação correta dos materiais restauradores, cautela na prescrição de medicamentos que possam interferir em doping positivo, a indicação correta de protetores bucais de acordo com o esporte realizado, a detecção de má oclusão (engrenagem entre os dentes), respiração bucal, perdas dentárias, desordens na ATM (articulação têmporo-mandibular), problemas nos canais, alterações gengivais/periodontais, cárie dentária, raízes residuais, etc.
Segundo a Academia Norte Americana de Odontologia Desportiva, o uso de protetor bucal na prática esportiva reduz em até 80% o risco de perda dentária. Nos Estados Unidos e Europa, usar equipamentos de segurança é lei.
Para os nossos atletas do futuro, amadores ou em busca pelo profissionalismo, lembramos alguns exemplos famosos:
Ronaldo Luiz Nazário de Lima, quando tinha 15 anos, quase deixou de ser o famoso Ronaldinho, eleito o melhor jogador do mundo por duas vezes (96/97) e campeão da Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, devido a um simples problema nos dentes. Quando começou a praticar futebol, Ronaldo já era excelente jogador, mas o “projeto de atleta” não corria, era bastante desengonçado e possuía um condicionamento físico considerado muito ruim. O técnico do São Cristóvão quase o cortou do time. Mas para a sorte de Ronaldo, existia na comissão técnica um dentista com visão esportiva. Ao avaliar o garoto pôde observar dois dentes com os canais infeccionados e uma enorme falha ortodôntica, além de respirar pela boca. Ao tratar os problemas, Ronaldinho passou a ter o mesmo desempenho físico dos outros jogadores e melhorou ainda mais o seu belo futebol.
Um atleta que respira pela boca apresenta rendimento físico 21% menor, se comparado ao que respira pelo nariz. Já um canal aberto representa uma queda de 17% no condicionamento. Imagine então, quantos “Ronaldinhos” o esporte brasileiro pode estar perdendo, a cada ano, devido a problemas bucais? Quantas pessoas não devem estar conseguindo o seu melhor condicionamento físico devido a esses problemas?
Futuro
A Odontologia Desportiva no Brasil só tende a crescer, a exemplo do que já acontece nos Estados Unidos e Europa. A tendência é que academias, clubes, federações esportivas e escolas passem a divulgar e a solicitar a necessidade de meios de proteção para a prática esportiva de uma maneira geral, quer seja dos seus associados, quer seja dos seus atletas ou alunos. Além disso, encaminhar o atleta/aluno/associado, para um exame odontológico, a exemplo do que já ocorre em relação à avaliação física. Enfim, prevenir é o melhor caminho, pois é mais barato saudável.
O melhor de tudo é poder assistir nossos ídolos expressando tanta energia e felicidade para nós torcedores, que vibramos com o título do nosso time e com as medalhas conquistadas para o nosso país pelos nossos atletas!
Dra. Moema Almeida Sá é responsável técnica do CISB – Centro Integrado de Saúde Bucal, Ortodontista do Centro Odontológico da Tijuca e faz parte da equipe do Colégio Pedro II. Cirurgiã Dentista, pós-graduada em ortodontia, dentística, administração hospitalar, didática de ensino superior e atualmente cursa MBA de Gestão em Saúde.
4 comentários:
Adorei este artigo.Vc é fera mulher.
Também achamos!!! :)
Muito interessante o artigo. Sou mestrando em odontologia social e minha dissertação é na área de odontologia desportiva. Gostaria de sua autorização para publicar este texto em meu blog (odontodesportiva.blogueiros.net).
Parabéns
Alexandre Mello
Alexandre,
Você pode colocar o artigo da Dra. Moema no seu blog sim, será um grande prazer!!! Só pedimos que seja colocado sua autoria com o release dela ok? Como está no final do artigo.
Parabéns pelo seu blog!!!
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